6 de julho de 2011

Pacto

No ar, apenas se ouve uma repetitiva canção, que alegra todos que a ouvem. As luzes atraem a atenção de todos aqueles que passam, levando-os assim a chegarem perto e deixarem-se ficar. Nos bastidores, vou-me preparando para esta noite, onde irei brilhar. Visto o meu curto vestido, com arco e purpurinas e coloco um grande chapéu. A excitação é demasiada, não me contento de entusiasmo com o que está prestes a começar. Tudo à minha volta transborda de energia, tudo, aqui, está em alvoroço.
As famílias que chegam compram doces e balões para as crianças, enquanto estas se deixam encantar pelas peripécias dos palhaços e truques dos mágicos.
As pessoas entram, procurando o melhor local para se sentarem e verem o espectáculo que os espera. Avisam-me que a hora chegou. Ninguém consegue estar parado, neste momento, excepto eu, que fito a porta à espera que esta se abra a qualquer momento, mas esta não se move um único milímetro. Com o tempo, a minha alegria e entusiasmo vão-se transformando nem desânimo.
As luzes pagam-se, o silêncio invade a tenda, o entusiasmo de muitos aumenta. Voltam a chamar por mim e eu só relembro as tuas palavras: “ Estarei sempre lá”. Sem me aperceber sou arrastada até ao palco, enquanto me perguntam se estou bem. Da minha boca só saem as palavras: “Estás sempre aqui”. Ignoram o meu estado e colocam-me no centro da arena.
Um foco de luz incide sobre mim. As crianças entusiasmadas chamam a atenção dos pais. Só mais um suspiro e a actuação começará. Toda a atenção concentra-se em mim. Passo um olhar pelo público, procurando-te. Não te vejo. A música começa, o meu corpo não reage. Num segundo, todas as tuas promessas passam-me pela memória. Volto a encarar o público. O meu corpo encontra o chão…

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